Uma Simples Forma de Fotomontagem

Na tendência de encontrar algo simpático, agradável e que realçasse algumas das minhas fotografias, sem ter de carregar inúmeras horas de linguagem Photoshop, encontrei um site com inúmeras molduras para fotos que me parece extremamente divertido e prático.
Este site de montagem de fotos disponibiliza todos os dias novos efeitos para nós, criadores nada experts, fotógrafos de ego insuflado e artesãos nas horas de ponta, uma rápida e esmerada forma de criação fotográfica – parece-me a mim que, este natal, muita gente vai receber as minhas montagens com fotos personalizadas.
A naturalidade e o aspeto diversão são características prioritárias deste serviço, uma vez que, têm para todos os exigentes sentidos visuais, numa quase galeria de arte onde em "paredes" gostos e vaidades se multiplicam, e no final, é percetível um fabuloso trabalho de poucos minutos. Com uma simples ação, conscientemente, um pedaço de beleza é criado para disfrute naquele instante em que o tempo parece parar de regozijo.
Assim, entre no site, faça o upload de uma fotografia sua, escolha o efeito que mais goste (de entre mais de 1000 sensações diferentes e surpreendentes) e, em menos de um minuto, terá o seu resultado preferido. De seguida… Partilhe.
Eu partilho estas.
Funny Pictures
O livro de todos os tempos.
Funny Pictures
O eterno retorno.
Funny Pictures
Eu, o gato e o urso. Sépia, sépia, sépia.

DOR SUJA


Massa de gente 
completa, inteiramente
passa por ti
manequim de montra imóvel.

Sem saberes – por meias vezes
ignoro-o – sem que te olhem compacto
perguntam:
– Como mudam as pessoas? – bronzeado de tacto
a fazer corpo magro
(quase) esqueleto
sobre a tua luz.

Com a tua experiência do mundo
comprimindo índole o sobrolho
respondes fecundo:
– O Ainda Animal
rasga as tuas entranhas
com as lágrimas do teu princípio
com um bocado
sem osso
afiado, e mete-te dentro, manhas
uma pérola apingentada
imunda.
A dor.
É tão pura
violenta
sem mistura
que não consigo falar-te dela.
Com olhos cérceos, despegados de choro:
– É assim que mudam as pessoas.

Alterações

O meu canto no mundo
esse - o qual sinto por escrito -
tornou-se numa deformação lingual.
Corpo. Pesar.
O insuportável grito.

Ligação desferrolhada e incorrecta
numa Terra em célere centrifugação
mais punho
menos sombra.
Parto-me em pedaços contra a comoção
quando, friamente
notícias infundidas em terror
rasgam o meu canto
rasgam a pele do meu corpo
da garganta ao ventre:
– Suor. Senhor.
Que me pareces ausente!

Fado em Ovação Ontem no Théâtre de la Ville em Paris


Cartaz Programático
Ricardo Ribeiro, Carminho, Camané, Cristina Branco e Carlos do Carmo, levaram ontem a palco no influente Théâtre de la Ville, em Paris o sabor do fado cujo, indubitavelmente, irá ser declarado como património imaterial, pela Unesco, em Novembro.

Truman Capote pela Sextante Editora


No atril da Sextante Editora, abre-se agora o compacto Contos Completos de Truman Capote (1924-1984): "Quanto a mim, podia deixar este mundo com o dia de hoje nos olhos." – lê-se e, no efeito influído da contemporaneidade fugida do convencionalismo da moderna escola gótica sulista, onde Capote amalgamou os seus primórdios como escritor, na tempestade ríspida pelo desarraigar parental, pela separação completa e pela carência real do que era necessário para a sua vida, surge-nos, num influxo quase de Anton Tchekov, com os contos Uma recordação de Natal, O convidado do dia de Acção de Graças e Um Natal.
Deste modo, nasceu com Capote (assim como, com Tom Wolfe, John Reed, John Hersey, entre outros) e com o romance A Sangue Frio nos EUA, o giro literário New Journalism, na admirável narrativa do assassinato da família Clutter, em Holcomb, Kansas onde, os dois "meninos" – como o autor os apelidava –, constituíram ênfase na pesquisa pelo próprio autor, sendo, os seus livros, no entanto, por ele nomeados como "romances de não-ficção". 
Esta obra maciça e não oca leva-nos em cronologia temporal exacta, a arte escrita de Capote a estrondear perícia pela sociedade snobe em As paredes são frias (1943): "A anfitriã ajeitou o elegante vestido preto e franziu nervosamente os lábios. Era muito jovem e pequena e perfeita. (…) Já passava das duas e estava cansada e só queria que se fossem todos embora, mas não era nada fácil ver-se livre de cerca de trinta pessoas, especialmente quando a maior parte bebera já rios do scotch do seu pai." Por outro lado, em vulto relevo, Miriam (1945): "Largou o casaco e a boina numa cadeira. Trazia mesmo um vestido de seda… Seda branca. Seda branca em Fevereiro. (…) «Gosto da sua casa», disse ela. «Gosto do tapete, o azul é a minha cor preferida.» Tocou numa rosa de papel que estava num vaso, no centro da mesinha junto ao sofá. «Imitação», comentou ela, num tom desconsolado. «Que coisa mais triste… Não lhe parece que são uma coisa bem triste, as imitações?»". Conto publicado pela revista Mademoiselle e que acarretou a Capote o O. Henry Award (melhor conto inédito) em 1946, atraindo a editora Random House para um contracto.
Neste facto, Truman Capote engolfou-se em Outras vozes, outros lugares, um verdadeiro resquício semiautobiográfico que, pelas suas pontuais palavras: "Foi uma tentativa de exorcizar demónios, uma tentativa inconsciente e totalmente intuitiva, na qual eu não estava ciente, excepto em alguns incidentes e descrições, da existência de qualquer grau autobiográfico". 
Os vinte contos reunidos neste livro reverberam a imensidade e a soma inequívoca de quem foi Truman Capote na respiração, nas palavras e nos espaços, derrubado profundamente, nos últimos anos da sua vida, pelo valhacouto de drogas, álcool e pela vivência sexual convulsa e destruidora. Sem tiro, Capote deixa-nos a pugna para a análise justa: "(…) e era como se fogueiras ardessem no vermelho céu nocturno, e a paisagem do Sul, tão estranha, tão inatural, que ele observara do comboio com tanta assiduidade, e que, numa tentativa para sublinhar tudo o mais, revisitava agora com os olhos da memória, exacerbava nele o sentimento de que viajara rumo ao fim, rumo à queda no abismo." – Fechar uma última porta (1947).

*

Deferência em duas notas. Melhor Design de Literatura para Contos Completos pela parceria LER/Booktailors – Prémios de Edição (2009) e pela tradução tão ausente de José Vieira de Lima, cuja translúcida qualquer não aperte travão.

Contos Completos
Truman Capote
Tradução de José Vieira de Lima
Sextante Editora
2008

Todos os Seus Corpos e Seres

Konstantínos Kaváfis (1863/1933)
"A cama é de dossel, a colcha branca; / de porcelana o jarro e a bacia / do lavatório antigo. Nenhum retrato / ou quadro nas paredes. Além da cadeira, / onde ao despir-se para amar ou / somente para dormir pousava a roupa, (...) / Falta só falar / dessa janela abrindo para a noite / e para as ruas onde a morte procura / os seus olhos nos olhos dos rapazes."

Quarto de Kavafis, Na Rua Lepsius, Eugénio de Andrade

Desencontro Desnecessário Contra a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas

No continuado inner circle das medidas de austeridade de um governo pouco sério e a brincar ao “toca e foge” – dando palmadinhas de humildade fria e de irresponsabilidade – eis que, na antropomórfica política deste governo governando estonteado, pelo Ministério da Cultura se deu a ideia, muito prometedora e brilhante, de extinguir a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas: devaneio absoluto por picos de substâncias medicamentosas com certeza, creio. Ou seja, como um cortador de carnes, a Exma. Senhora Doutora Ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, entende portanto assumir cortar as gorduras para um lugar melhor onde o livro – intrínseco evidente de palavras, autores e história –, terá de passar pela triagem.
Em resposta ao assombroso juízo, Gabriela Canavilhas defende que não subsistirá qualquer dispersão de pessoas, desintegração de saberes, nem mesmo redução drástica de meios, sendo que a mesma equipa de técnicos especializados continuará em funções, nas mesmas instalações e na mesma prossecução de objectivos de projecção.
Em prescrição de tal cotejo real, correm já vários protestos contra a medida: vários escritores portugueses, literatos e artistas, fizeram chegar à Ministra da Cultura uma carta aberta. Por outro lado, está descerrada uma petição online cuja pode assinar aqui.
Sabe-se que esta derivação regressiva ultrapassou fronteiras e, segundo o escritor Francisco José Viegas, a principal petição contra o encerramento veio de Itália, pela mão de Giorgio Di Marchis, um grande amante da nossa cultura.
Em dias de planeamento do Orçamento do Estado corta-se o que de facto é importante no fazer escárnio à cultura portuguesa e, sobremodo, perante a DGLB.

Estado Como Está?

Na consequência internacional de impasses consensuais entre o dito entendimento quanto ao Orçamento do Estado para 2011, parece-me que apresentar uma lacuna de 500 milhões de euros em começo de aprovações na Assembleia da República, é ridiculamente risível.


A Actividade da Cultura: Ticiano

Culturalmente dinâmica é, em facto, a cultura. Qualquer semelhança antropológica com percepção e etnocentrismo deve-se, em parte, pelos fundamentados separadores do Homem, se bem que uma pegada na lua não deixa de creditar acesso temperamento. As efabulações são simples, como ideais em crescimento contínuo, no cronológico natural, na descoberta e na descrição, num assemelho de braço cultural tendo como pico base: referências permanentes para a condição humana.
Podia continuar. Mas não. Por dogma-hábito e culturas específicas intemporais.


Sobre o Segundo Acto da Vida - 5


Grey's Anatomy, © ABC

Desapareço.
 

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