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DOR SUJA


Massa de gente 
completa, inteiramente
passa por ti
manequim de montra imóvel.

Sem saberes – por meias vezes
ignoro-o – sem que te olhem compacto
perguntam:
– Como mudam as pessoas? – bronzeado de tacto
a fazer corpo magro
(quase) esqueleto
sobre a tua luz.

Com a tua experiência do mundo
comprimindo índole o sobrolho
respondes fecundo:
– O Ainda Animal
rasga as tuas entranhas
com as lágrimas do teu princípio
com um bocado
sem osso
afiado, e mete-te dentro, manhas
uma pérola apingentada
imunda.
A dor.
É tão pura
violenta
sem mistura
que não consigo falar-te dela.
Com olhos cérceos, despegados de choro:
– É assim que mudam as pessoas.

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